Representantes da RMBH discutem a gestão hídrica na região

 As ações e os desafios da gestão hídrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte foram o tema do Diálogos Metropolitanos, promovido pela Agência de Desenvolvimento da RMBH, que reuniu, nesta quarta-feira (13/7), na capital mineira, cerca de 80 representantes dos municípios da RMBH e Colar Metropolitano.

Na abertura do evento, a diretora-geral da Agência RMBH, Flávia Mourão, ressaltou que não há como se pensar em gestão metropolitana de sucesso, sem parcerias na condução das políticas públicas metropolitanas. “É preciso catalisar os interesses e buscar integrar o Estado na perspectiva de um futuro que seja bom para todos, sempre agregando novas contribuições”, ressaltou Flávia.

O gerente de Políticas Públicas do Crea-MG, José do Carmo Dias, que também participou da abertura do evento citou os exemplos do Japão e dos Estados Unidos para resolver as questões do desmatamento e promover a recuperação de matas ciliares nas nascentes. Em Tóquio, a área de preservação das matas ciliares atinge mais de 21 mil hectares, enquanto em Nova York, a prefeitura, depois uma crescente demanda de água, criou um programa para garantir a proteção das nascentes e das matas ciliares, por meio do pagamento de uma taxa anual aos proprietários para a sua manutenção.

A deputada Marília Campos, que representa a Assembleia Legislativa no Conselho Metropolitano, ressaltou a importância de um planejamento que não fique só na gaveta. “É preciso terminar as obras de saneamento, onde houve tanto investimento e, também, elaborar um diagnóstico que possa pautar futuras ações”.

A programação contou com palestras sobre a gestão hídrica em Minas Gerais, o panorama do abastecimento de água na RMBH e as águas subterrâneas, além das apresentações do projeto “Cultivando Água Boa” e “Plantando o Futuro”.

Palestras

 As principais diretrizes para as questões hídricas no Estado, principalmente, em decorrência da crise no abastecimento de água no ano passado, foram abordadas pelo assessor da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Leonardo Carvalho Ladeira: “o Governo de Minas criou uma força-tarefa que deu origem a um grupo de trabalho nessa área, abrangendo principalmente, a regulação e o controle de outorgas, o controle da distribuição, o monitoramento da qualidade da água e os estudos das bacias hidrográficas para fomentar investimentos e ações”.

O panorama do abastecimento de água na RMBH foi ministrado pelo diretor de Operação Metropolitana, Rômulo Thomaz Perilli, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa MG), empresa responsável pelas obras de abastecimento no Estado, incluindo as de recuperação do Sistema Paraopeba, que abastece grande parte da região metropolitana, além de campanhas contra o desperdício de água.   “Desde a inauguração do empreendimento, a Copasa deixou de retirar 40 milhões de m3 de água da barragem do Rio Manso, economizando cerca de 36% da água do reservatório”.

A coordenadora de projetos do Serviço Geológico do Brasil (CPRN), Maria Antonieta Mourão, apresentou o tema “Águas subterrâneas”, explicando como essas águas correm natural ou artificialmente no subsolo, se constituindo em importante reservatório, com volume muito superior ao das águas superficiais. Segundo ela, “o que se faz com uma se reflete na outra e, então, os usos devem se dar de forma integrada nessa área”.

A apresentação do projeto “Cultivando Água Boa”, pelo analista ambiental do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam-MG), Morel da Costa Ribeiro, abordou a proposta de readequação do Programa Cultivando Água Boa para Minas Gerais. O projeto é um movimento de participação permanente que envolve a atuação de órgãos governamentais, ONGs, instituições de ensino, prefeituras, cooperativas, associações comunitárias e empresas, dentre outros.

Já o projeto “Plantando o futuro” foi apresentado pelo seu coordenador, Cleber Consolatrix Maia, da Codemig. Esse projeto tem a meta de plantar 30 milhões de mudas, recuperar 40 mil nascentes, seis mil hectares de mata ciliar e dois mil hectares de áreas degradadas em todos os 17 territórios de Desenvolvimento de Minas Gerais, até 2018.

Cleber destacou o projeto-piloto desenvolvido pela ARMBH que abrange a sub-bacia do Ribeirão Serra Azul e engloba os municípios de Itaúna, Igarapé e Mateus Leme. “Ele prevê o plantio de 250 mil mudas de plantas nativas em áreas de preservação permanente (matas ciliares) nesses três municípios e a colocação de cercas de proteção nas nascentes, abrangendo uma área total de cerca de 150 hectares”. O cadastramento dos proprietários interessados já está sendo desenvolvido pelas prefeituras locais, com apoio da Emater e Copasa.

Participações

Dentre os vários participantes, a representante do Conselho Municipal de Pará de Minas e da ONG – Ama Pagea (Amiga do Meio Ambiente), Sônia Naime, destacou a necessidade da divulgação permanente e da educação ambiental, para alertar a população sobre a importância da preservação dos pequenos córregos que vão formar os grandes reservatórios de água. “É importante que todos tenham consciência da necessidade de preservá-los, até porque muitos desses córregos se encontram em seus próprios quintais”.

A preocupação do professor Anderson Mourão, da ONG Natureza Viva, de Ibirité, é em relação aos loteamentos e ocupação do solo na RMBH, além de ações das mineradoras. ”Muitas vezes, as liberações são concedidas sem averiguar o que querem os habitantes do local”, lamenta Anderson.

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